Eu
torno-me cada vez mais dócil,
e
tu sempre misterioso e novo,
mas
teu amor, meu severo amigo,
é
uma prova de ferro e fogo.
Proíbes-me
de cantar, sorrir,
e
há muito tempo de rezar,
desde
que não me aparte de ti,
todo
o resto me é igual!
Assim,
alheia à terra e ao céu,
já
não canto, apenas vivo.
Minha
alma livre arrancaste
do
inferno e do paraíso.
ANNA AKHMÁTOYA (1889-1966)
Só o Sangue Cheira a
Sangue
(tradução de Nina Guerra e
Filipe Guerra)