Dissipa-se, no longo nevoeiro, a cintilação de um archote,
um rasto de imponderáveis amantes.
Quem por eles clama, clama em vão.
Já os pulsos se abriram para a desolação da terra.
Estes rios não são os seus rios.
E esta água mutilada,
esta luz que fere o amplo pátio dos invernos é a sua água, a sua luz.
Onde o raio despedaça os ténues fios do amor
uma inesperada palavra assume o desastre.
Amaram-se e perderam-se.
De pé, sobre o convés, contemplarão o fim dos navios.
O albatroz descreve os vultos imensos da saudade.
Há, sobre o olhar dos condenados,
uma aflição de sombras,
quando o sol se afasta para os seus domínios.
A sedução dos frutos é a sedução da morte e,
seduzidos, eles demandaram o grande vale.
Um arco de som vibra eternamente no centro da tempestade.
Eles voltam-se para fora,
para a unânime certeza da escuridão do mundo.
A alma parte.
JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA (1948)
Biografia
Lindo poema...
ResponderEliminarbjs amore!
Mário,encantador este post! ´
ResponderEliminarAmaram-se e perderam-se.
Amei!...A imagem uma miragem linda!
Beijinhos!
Mario gostei deste poema
ResponderEliminarQuero deixar um abraço amigo
Anita
Grata por partilhares connosco.
ResponderEliminarUm anjo...
"Estes rios não são os seus rios."
ResponderEliminarQuando acaba a partilha do amor, o rio volta a ser apenas o rio.
Um poema triste, mas lindo.
Beijos.
Mario meu carinho por ti
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