Agora
podeis tratar-me
como
quiserdes:
não
sou feliz nem sou triste,
humilde
nem orgulhosa
-
não sou terrestre.
Agora
sei que este corpo,
Insuficiente,
em que assiste
Remota
fala,
Mui
docemente se perde
Nos
ares, como o segredo
Que
a vida exala.
E
seu destino é ir mais longe,
Tão
longe, enfim, como a exacta
Alma,
por onde
Se
pode ser livre e isento,
Sem
actos além do sonho,
Dono
do nada,
Mas
sem desejo e sem medo,
E
entre os acontecimentos
Tão
sossegado!
Agora
podeis mirar-me
Enquanto
eu próprio me aguardo,
Pois
volto e chego,
Por
muito que surpreendido
Com
meus encontros na terra
Seja
o Aeronauta
Cecília Meireles
In “O Aeronauta”
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