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Faixa Sonora

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

AO LONGE OS BARCOS DE FLORES



Só, incessante, um som de flauta chora,

Viúva, grácil, na escuridão tranquila,

- Perdida voz que de entre as mais se exila,

- Festões de som dissimulando a hora.

 

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila

E os lábios, branca, do carmim desflora…

Só, incessante, um som de flauta chora,

Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

 

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,

Cauta, detém. Só modulada trila

A flauta débil… Quem há-de remi-la?

Quem sabe a dor que sem razão deplora?

 

Só, incessante, um som de flauta chora…

 

CAMILO PESSANHA (1867-1926)

Edoi Lelia Doura

(antologia organizada por Herberto Helder)

 

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