Só,
incessante, um som de flauta chora,
Viúva,
grácil, na escuridão tranquila,
-
Perdida voz que de entre as mais se exila,
-
Festões de som dissimulando a hora.
Na
orgia, ao longe, que em clarões cintila
E
os lábios, branca, do carmim desflora…
Só,
incessante, um som de flauta chora,
Viúva,
grácil, na escuridão tranquila.
E
a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta,
detém. Só modulada trila
A
flauta débil… Quem há-de remi-la?
Quem
sabe a dor que sem razão deplora?
Só,
incessante, um som de flauta chora…
CAMILO PESSANHA
(1867-1926)
Edoi
Lelia Doura
(antologia organizada por
Herberto Helder)
Lindo...!!!
ResponderEliminar