Eu
gosto das aldeias sossegadas,
Com
seu aspecto calmo e pastoril
Erguidas
nas colinas azuladas…
Mais
frescas que as manhãs finas d’Abril.
Levanta
a alma às cousas visionárias,
A
doce paz das suas eminências…
E
apraz-nos, pelas ruas solitárias,
Ver
crescer as inúteis florescências.
Pelas
tardes das eiras – como eu gosto
Sentir
a sua vida activa e sã!
Vê-las
na luz dolente do sol posto,
E
nas suaves tintas da manhã!…
As
crianças do campo, ao amoroso
Calor
do dia, folgam seminuas,
E
exala-se um sabor misterioso
Da
agreste solidão das suas ruas.
Alegram
as paisagens as crianças,
Mais
cheias de murmúrios do que um ninho,
E
elevam-se às cousas simples, mansas,
Ao
fundo, as brancas velas dum moinho.
Pelas
noites d’estio, ouvem-se os ralos
Zunirem
suas notas sibilantes…
E
mistura-se o uivar dos cães distantes
Com
o canto metálico dos galos.
GOMES LEAL (1848-1921)
Claridades
do Sul
A paz...o sossego.,,lindo!
ResponderEliminarA vida na aldeia tem destas maravilhas que uns entendem e amam apaixonadamente,mas outros na veleidade dos dias procuram o movimento e as comodidades da cidade.
ResponderEliminarGostei do poema e do canto cheio de graça que lentamente vai partindo.
Das nossas aldeias sobram muros de silêncio, casas esventradas pelo tempo e o abandono.